UMA MONTANHA DE GOZO

                                                (Um estudo de Hebreus 12:18-13:6)

 

 

 

 

              Depois de exortar os leitores a continuarem na fé cristã, Hebreus dá-lhes um grande ânimo ao mostrar-lhes um quadro da escolha posta diante deles. De um lado está o temor e a morte, porém os leitores resolveram escolher uma vida de gozo com Cristo.

            “Vós não estais como os israelitas no Sinai. Eles estavam diante duma montanha que se podia tocar e que ardia em chamas, completamente coberta pela escuridão e batida por uma tempestade”. Eles ouviam o toque duma trombeta e o som duma voz a falar. Quando ouviram aquela voz, pediram a Deus que não dissesse nem mais uma palavra. Era já demasiado dura para eles aquela ordem que lhes foi dada:

             “Quem tocar na montanha, seja homem seja animal, tem de morrer apedrejado”. Diante daquele acontecimento terrível, Moisés exclamou: “Estou a tremer de medo” !

               A montanha não necessita ser nomeada, porque os leitores bem a conhecem: o Monte Sinai, onde foi estabelecido o Antigo Pacto com Israel. Essa montanha representa o antigo pacto no qual participaram uma vez, porém um pacto que deixaram para trás para assim poderem abraçar uma nova vida com Cristo.

               Se lermos nas entrelinhas, vemos que os leitores estavam a ser pressionados pelos seus vizinhos para regressarem ao antigo pacto. O autor ao descrever os resultados da escolha que eles fizeram, anima-os a permanecerem fiéis a Jesus. Não olhem para trás, disse ele. Aquele é um pacto de humilhação e fatalidade, porque só trás condenação e não salvação. Vós pelo contrário, estais diante do monte de Sião e da Jerusalém celeste, que é a cidade do Deus vivo, com os seus milhares de anjos. Vós estais juntos da assembleia festiva dos primeiros filhos de Deus, que já têm o nome inscrito nos céus.

               Estão ao pé de Deus, o juiz de toda a humanidade e junto daqueles que já atingiram a perfeição. Estão ao pé de Jesus, o mediador da nova aliança e do seu sangue derramado, que diz muito mais do que o sangue de Abel. Tenham cuidado ! Não deixem de escutar quem vos fala. Os que se negaram a ouvir quem os avisava cá na terra não escaparam ao castigo. Com muito maior razão seremos condenados, se virarmos as costas àquele que nos fala lá dos céus (v.12-25).

               Portanto, devemos estar agradecidos porque o reino que Deus nos oferece não pode ser destruído. Por isso, adoremos a Deus, com todo o respeito, como Ele quer.

               Moisés sabia que o povo se tinha rebelado contra Deus e merecia morrer, mas ele pediu a Deus que lhes perdoasse, e Deus assim fez, porém o seu temor mostra o sério castigo que resultaria quebrar o pacto sinaitico. Em contraste, o novo pacto é um lugar de gozo e companheirismo com Deus.

                O novo pacto é um lugar com gente feliz, onde os anjos se regozijam. Esta é a recompensa dos santos, aqueles que são os filhos primogénitos de Deus, que têm sido bem-vindos pelo Juiz do universo. Não eram perfeitos, porém tornaram-se perfeitos pelo sangue de Cristo, o qual promete perdão em vez de vingança.

                Os leitores não chegaram todavia a este lugar, porém o autor descreve-os como se já tivessem chegado. Quando eles aceitaram Jesus como o Messias, este alegre lugar converteu-se no seu novo destino, e o autor quer certificar-se de que eles não se apartem do caminho.

                 Os leitores provavelmente tinham vizinhos judeus que lhes diziam: “Se vos apartais do antigo pacto, sereis castigados”. Por isso o autor responde com uma advertência: “É verdade que as pessoas eram castigadas por se apartarem de Moisés, porém agora, seremos castigados se nos apartarmos do que Deus nos está dizendo por Jesus Cristo”.

 

 

 

                 No Monte Sinai, a voz de Deus sacudiu a terra, porém também prometeu voltar a sacudir outra vez a terra, e o autor dos Hebreus chama a nossa atenção para a frase “uma vez mais”. Deus o fará só uma vez mais, porque o céu e a terra nunca mais necessitarão de ser sacudidos, porque o sacudimento será tão severo que só o permanente permanecerá.

                 Ageu 2:7 promete que Deus “Fará tremer todas as nações, que hão-de trazer aqui as suas riquezas e de novo, encherei o meu templo de esplendor, disse o Senhor Todo Poderoso. A grandeza do novo templo será “maior que a do primeiro, e neste lugar, eu vos concederei a paz. Palavra do Senhor, Todo-Poderoso !”.

                 O reino eterno virá, como devemos responder ?  “Já que estamos a receber um reino eterno, sejamos agradecidos e inspirados por esta gratidão com temor reverente, porque o nosso Deus é um fogo consumidor”.

                  Já que Deus nos prometeu uma grande recompensa, devemos estar agradecidos e adorá-lo , e como a epístola deixa em claro, devemos vir a Ele através de Jesus. A advertência é todavia para aqueles que se apartam, porque na verdade Deus é um fogo consumidor para aqueles que o rejeitam. Deus consumirá todo aquele que lhe desobedeça, pelo que todos necessitamos da intervenção que Jesus oferece no novo pacto.

                  No capítulo 13, o estilo de escrever muda abruptamente e o autor oferece algumas breves recordações: “Continuem a amar-se uns aos outros como irmãos. Não esqueçam o dever da hospitalidade, pois algumas pessoas chegaram a receber anjos em sua casa”. Ele mostra-se mais sério no versículo 3: “Lembrem-se dos que estão presos, como se vocês estivessem na cadeia com eles. Lembrem-se dos que sofrem maus tratos, como se vocês sofressem  o mesmo no vosso corpo”.

                  Alguns membros da congregação estavam presos e o autor anima os leitores a continuar a visitá-los. Nas prisões antigas não davam comida alguma aos prisioneiros, pelo que as visitas dos amigos eram essenciais, ainda que os oficiais podiam suspeitar que os visitantes tinham as mesmas crenças ilegais. Por que havíamos de arriscar a nossa segurança para visitar os prisioneiros ? Por amor, e porque na manhã seguinte podíamos estar nós na prisão e necessitarmos que outros nos visitassem.

                  “Tende em alta estima o casamento e a fidelidade conjugal”. O autor não enfatiza este ponto porque provavelmente não era um problema para os leitores. Esta exortação ética era um conselho quotidiano entre os judeus.

                   “Não permitam que a paixão ao dinheiro vos domine. Contentem-se com o que têm, porque o próprio Deus nos prometeu: “Nunca te deixarei, nem te abandonarei”.

                     Ainda que os inimigos nos roubem as nossas posses, podemos estar contentes com o tesouro mais valioso de todos: A promessa da vida eterna. Assim podemos dizer com toda a confiança: “O Senhor é quem me ajuda: Não tenho medo de nada ! Que mal me poderão fazer os homens ?”. Que nos podem fazer as pessoas quando temos fé em Cristo ?

                     Como o autor já referiu, eles podem ridicularizar-nos, possuir os nossos bens, encarcerar-nos, incluso matar-nos; porém nunca podem tirar-nos a recompensa que Deus nos dará.

                     Podemos estar confiantes porque Ele dá-nos uma perspectiva eterna das coisas deste mundo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Original: Michael Morrison, 2007-02, “Una Montaña de Gozo”

Tradução: Manuel Morais, 2007-02